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sábado, 10 de janeiro de 2015

Ciganos: de onde vieram e quem são



Em suas rodas de conversa, alegria, história e mitos

Motivado pela alegria, liberdade, coragem e jeito nômade de viver, o povo cigano teria tido origem na Índia, por volta do século 16 a.C, e a partir daí foi migrando a vários países. Passaram pelo Egito, Grécia, Irã, Ásia Ocidental, Romênia, e já no século 15 podiam ser encontrados por toda a Europa. Enfrentaram o Holocausto nazista e a Inquisição. Perseguidos, excomungados, tachados de bruxos ou odiados pela sociedade, eles sobreviveram graças às forças da sua alma indomável. Força essa que não lhes faltava nem a beira da morte, quando aguardavam o extermínio com palmas e cantos.

Os ciganos chegaram ao Brasil e também a outras colônias como Angola, Cabo Verde, Goa e São Tomé Príncipe, desde o período colonial. Vieram deportados de Portugal para trabalhar em atividades como ferreiros e ferramenteiros. Aqui no país tupiniquim, os primeiros a pisarem o solo foram os do grupo Calon. Eram católicos, mas conheciam os mistérios da Mãe Natureza e sabiam que os ancestrais podiam se comunicar, apesar de habitarem outros mundos. Depois foi a vez dos ciganos Roma, que vieram ao país no contexto da imigração européia, nos séculos XIX e XX. Como ciganos degredados, eles eram vistos a partir de estereótipos negativos, como ladrões, agitadores e místicos.


A bandeira é um dos símbolos sagrados dos ciganos



Por onde passavam, misturavam sua cultura, crença e jeito de ser com a de outros povos pelas terras afora. Conhecidos também como Os Filhos do Sol – porque saíram do Oriente para o Ocidente, acompanhando o movimento do Sol – eles tiveram como idioma o romani, com traços de uma língua chamada sânscrito, que era falada na Índia. Cheios de cores, símbolos e magia, os ciganos carregam ícones que marcam sua trajetória. Violino, pandeiro, leque, xale, medalhas, ferradura, fitas coloridas e punhal são alguns deles. Aliás, a história da leitura de mãos no ocidente foi formada pela história dos ciganos.


Tela de Vicent Van Gogh: 'Acampamento de Ciganos'

Em suas rodas de conversa, geralmente acompanhadas de música, história, mistério e mitos, os ciganos chegaram a ser retratados por romancistas justamente por valores como coragem, simplicidade, contato com a natureza e liberdade. Miguel de Cervantes, com a novela ‘A Ciganinha’, e Vitor Hugo, com o personagem Cigana Esmeralda, são alguns deles.

Apesar de não haver registro oficial na História sobre sua origem, hoje também não há estatística sobre o número atual de ciganos. Mas sabe-se que eles podem ser encontrados em todo o território brasileiro, nas diferentes classes sociais e profissões. Muitos deles alcançaram mobilidade social na sociedade brasileira, mas não abandonaram sua identidade étnica. Nem perderam o destino de caminhar pela vida e o desejo de ir até o final do mundo e depois voltar. Optchá!

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